VEREDAS, Revista do 
Centro Cultural do Brasil
Ano 1 Nº9 Set 96

Projeto Observatório Cibernético

Mesclando realidade virtual e multimídia, o Visorama é um telescópio projetado para a visualização de paisagens panorâmicas no presente, passado e futuro.


De 1826, quando o francês Daguerre inventou um primitivo aparelho de fotografia, o daguerreótipo, aos dias de hoje, a imagem tecnológica evoluiu o suficiente para se tomar ícone de modernidade, em diferentes concepções. O cinema automatizou o movimento, a televisão passou a transmitir a imagem instantaneamente e o vídeo, a guarda-la em fita magnética. De frente para o futuro, a informática permite a manipulação digital da imagem em tempo real, produzindo a realidade virtual.

Assim como "daguerreotipar" significa ''apresentar, representar ou descrever com a máxima exatidão" (segundo o dicionário Aurélio), o conceito de virtualidade pode ser ampliado a manifestações anteriores à era cibernética. O componente virtual existe nos aparelhos que precedem o computador, bem como em uma série de outras representações de imagem. Já no quattroccento, Brunelleschi inventava a Tavoletta, um dispositivo que sobrepunha pinturas a paisagens reais, criando uma imagem virtual percebida como realidade.

Associada às novidades tecnológicas, a poética das imagens dá asas à imaginação na Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde questionamentos sobre a produção de imagens levaram à formação do Núcleo Cultura e Tecnologia da Imagem, que reúne pesquisdores, professores e alunos. Criado para desenvolver pesquisas em computacão grafica, o projeto Visgraf, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), juntou-se ao Núcleo para desenvolver um telescópio viltual batizado de Visorama.

O objetivo é pemitir ao espectador a observação do espaço real através de imagens simuladas. Com o Visorama, será possível visualizar imagens panorâmicas tridimensionais em três tempos: passado, presente e futuro. "Queremos lançar um novo olhar para o espaço urhano e criar uma nova experiência estética. Afirma André Parente, professor da ECO que coordena o projeto juntamente com os pesquisadores Luís Velho e Jonas Miranda, do Impa.

O protótipo deverá estar pronto no ano que vem para ser instalado no Corcovado, onde os visitantes, além de admirar a paisagem da cidade maravilhosa a olho nu, terão a oportunidade de acionar o Visorama para fazer uma espécie de viagem no tempo, observando como aquela paisagem era cem anos antes e como ela poderia ser cem anos depois. Poderão também interagir com as imagens, percorrendo-as em movimentos verticais e horizontais~ e aproximando-se delas como se estivessem manipulando uma luneta.

continuação


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