De 1826, quando o francês Daguerre inventou um primitivo aparelho de
fotografia, o daguerreótipo, aos dias de hoje, a imagem
tecnológica evoluiu o suficiente para se tomar ícone de
modernidade, em diferentes concepções. O cinema automatizou o
movimento, a televisão passou a transmitir a imagem instantaneamente e o
vídeo, a guarda-la em fita magnética. De frente para o futuro, a
informática permite a manipulação digital da imagem em
tempo real, produzindo a realidade virtual.
Assim como "daguerreotipar" significa ''apresentar, representar ou descrever com a máxima exatidão" (segundo o dicionário Aurélio), o conceito de virtualidade pode ser ampliado a manifestações anteriores à era cibernética. O componente virtual existe nos aparelhos que precedem o computador, bem como em uma série de outras representações de imagem. Já no quattroccento, Brunelleschi inventava a Tavoletta, um dispositivo que sobrepunha pinturas a paisagens reais, criando uma imagem virtual percebida como realidade.
Associada às novidades tecnológicas, a poética das imagens dá asas à imaginação na Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde questionamentos sobre a produção de imagens levaram à formação do Núcleo Cultura e Tecnologia da Imagem, que reúne pesquisdores, professores e alunos. Criado para desenvolver pesquisas em computacão grafica, o projeto Visgraf, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), juntou-se ao Núcleo para desenvolver um telescópio viltual batizado de Visorama.
O objetivo é pemitir ao espectador a observação do espaço real através de imagens simuladas. Com o Visorama, será possível visualizar imagens panorâmicas tridimensionais em três tempos: passado, presente e futuro. "Queremos lançar um novo olhar para o espaço urhano e criar uma nova experiência estética. Afirma André Parente, professor da ECO que coordena o projeto juntamente com os pesquisadores Luís Velho e Jonas Miranda, do Impa.
O protótipo deverá estar pronto no ano que vem para ser instalado no Corcovado, onde os visitantes, além de admirar a paisagem da cidade maravilhosa a olho nu, terão a oportunidade de acionar o Visorama para fazer uma espécie de viagem no tempo, observando como aquela paisagem era cem anos antes e como ela poderia ser cem anos depois. Poderão também interagir com as imagens, percorrendo-as em movimentos verticais e horizontais~ e aproximando-se delas como se estivessem manipulando uma luneta.