"É como se tivessemos criado uma coisa parecida com um capacete que se
coloca e se pode mergulhar num mundo virtual. Hoje, se conhece a realidade
virtual, com os simuladores de vôos e os capacetes. Neste nosso caso,
seria uma outra tecnologia. Vim apresentar, neste seminário, este novo
sistema, desenvolvido em parceria com o projeto Visgraf - que é o núcleo de
computação gráfica do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa),"
comenta Parente.
O "Visorama" vem sendo desenvolvido desde o início de 1996, devendo a
primeira fase de apresentação pública do projeto estar sendo concluída em
novembro/dezembro, no Corcovado (RJ). O equipamento será instalado e
permitirá que o espectador, no Corcovado, possa ter uma visão de 360º do
Rio de Janeiro. Esta visão tanto podera ser o da cidade no presente como
no passado e futuro. É uma espécie de observatório cibernético. Simula
tri-dimensionalidade e permite que, daquele ponto, o espectador possa
"pular" a vários pontos da cidade," explica André Parente.
Os sistemas de realidade virtual conhecidos utilizam modelos geométricos
para representar um mundo virtual por onde os usuários podem "navegar". A
visualização desse mundo é feita através de técnicas de
computação gráfica
de terceira dimensão (3D) que são executadas durante a navegação. Estes
mundos são bastante simples e as imagens geradas não são foto-realistas. O
objetivo do "Visorama" é superar essas limitações. A partir de um número
de fotografias, que podem ser obtidas do mundo real, ou de um ambiente
modelado, a representação do ambiente visual é criada, então, a partir
dessas fotografias.
O "observatório" tem funções importantes tanto na área de educação,
podendo
ser usado para ensinar História, Geografia, Artes, como instrumento de
utilidade pública (Turismo). Parente garante que não se trata de uma
tecnologia muito cara para estas finalidades. Caso vários sistemas como
estes seriam instaladas em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro,
poderão ser feitos diversos filmes com eles. "Se pegarmos o básico, suas
primeiras possibilidades, poderão ser investidos R$ 600 mil. Uma vez
desenvolvido o sistema, cada equipamento sairia por R$ 150 mil. Se for
expandido, o custo pode até cair para R$ 100 mil cada equipamento".
explica Andre Parente.
"Visorama" foi desenvolvido com investimentos dos instituto de pesquisas
Fundação Amparo à Pesquisa, do Rio de Janeiro (Faperj), da Fundação
Universitária José Bonifácio (FUJB) e do CNPq. Contam ainda com o apoio da
Prefeitura do Rio de Janeiro e seu projeto de renúncia fiscal e de
empresas privadas que podem abater o ISS.
Jornal Diário do Nordeste,
Caderno 3
Um mergulho no mundo virtual
Na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), André Sampaio Parente, 40 anos, desenvolve com seu grupo um sistema
denomidado "Visorama", de realidade virtual, que envolve software e
hardware e uma linguagem de interação. O sistema cria panoramas virtuais
gerados por computador. Este trabalho, segundo Parente, é o que se pode
chamar de pioneiro, no gênero, no Brasil.