Jornal O 
POVO


Fortaleza, Ceará, Domingo, 27 de Abril 97

Jornal Diário do Nordeste,
Caderno 3


Um mergulho no mundo virtual

Na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), André Sampaio Parente, 40 anos, desenvolve com seu grupo um sistema denomidado "Visorama", de realidade virtual, que envolve software e hardware e uma linguagem de interação. O sistema cria panoramas virtuais gerados por computador. Este trabalho, segundo Parente, é o que se pode chamar de pioneiro, no gênero, no Brasil.

"É como se tivessemos criado uma coisa parecida com um capacete que se coloca e se pode mergulhar num mundo virtual. Hoje, se conhece a realidade virtual, com os simuladores de vôos e os capacetes. Neste nosso caso, seria uma outra tecnologia. Vim apresentar, neste seminário, este novo sistema, desenvolvido em parceria com o projeto Visgraf - que é o núcleo de computação gráfica do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa)," comenta Parente.

O "Visorama" vem sendo desenvolvido desde o início de 1996, devendo a primeira fase de apresentação pública do projeto estar sendo concluída em novembro/dezembro, no Corcovado (RJ). O equipamento será instalado e permitirá que o espectador, no Corcovado, possa ter uma visão de 360º do Rio de Janeiro. Esta visão tanto podera ser o da cidade no presente como no passado e futuro. É uma espécie de observatório cibernético. Simula tri-dimensionalidade e permite que, daquele ponto, o espectador possa "pular" a vários pontos da cidade," explica André Parente.

Os sistemas de realidade virtual conhecidos utilizam modelos geométricos para representar um mundo virtual por onde os usuários podem "navegar". A visualização desse mundo é feita através de técnicas de computação gráfica de terceira dimensão (3D) que são executadas durante a navegação. Estes mundos são bastante simples e as imagens geradas não são foto-realistas. O objetivo do "Visorama" é superar essas limitações. A partir de um número de fotografias, que podem ser obtidas do mundo real, ou de um ambiente modelado, a representação do ambiente visual é criada, então, a partir dessas fotografias.

O "observatório" tem funções importantes tanto na área de educação, podendo ser usado para ensinar História, Geografia, Artes, como instrumento de utilidade pública (Turismo). Parente garante que não se trata de uma tecnologia muito cara para estas finalidades. Caso vários sistemas como estes seriam instaladas em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro, poderão ser feitos diversos filmes com eles. "Se pegarmos o básico, suas primeiras possibilidades, poderão ser investidos R$ 600 mil. Uma vez desenvolvido o sistema, cada equipamento sairia por R$ 150 mil. Se for expandido, o custo pode até cair para R$ 100 mil cada equipamento". explica Andre Parente.

"Visorama" foi desenvolvido com investimentos dos instituto de pesquisas Fundação Amparo à Pesquisa, do Rio de Janeiro (Faperj), da Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) e do CNPq. Contam ainda com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro e seu projeto de renúncia fiscal e de empresas privadas que podem abater o ISS.



home Port