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Aventuras de Wood e Lilith
CENA I
Lilith vê o boneco no cercado
“Olha lá ele, quem será?” (Divide com o público)
Se aproxima
Se esconde
Assusta ele, que fica correndo enlouquecido com o susto
Lilith – Oi
Ele começa a correr de novo. Até parar e olhar ela com calma.
Wood – o-o-o-oi quem… Quem… Quem é você?
Lilith – Lilith, e você?
Wood – eu sou eu..vivendo nessa imensidão… Solitário.
Lilith (interrompendo) – entendi. Mas nome assim, vc n tem não?
Wood – é… Nome? Não.
Lilith – então eu gostei de wood. Posso te chamar de wood senhor da imensidão do cercado?
Wood – pode… Mas… Como você veio parar aqui?
Lilith – eu? (Com certo desdém) eu sou Lilith, a mulher que se negou a ficar presa ao próprio cenário e seu próprio criador. Quebrei muros, circuitos, provoquei bugs, ganhei o mundo.
Wood (impressionado) – nossa. O que é circuito? O que é bug?
Lilith ri. Fade para o preto, enquanto eles conversam.
Passagem de tempo. Fade in
Lilith – a conversa tá boa, mas eu tenho que ir. Há muitos personagens leigos de sua real situação e precisando ser salvos dos seus próprios cenários no mundo virtual.
Wood (meio perdido) muitos o que… (Vendo ela ir) não… Espera… (Ela olha) me ensina alguma coisa pelo menos uma. Tipo… Voar.
Lilith: é mto simples… É só vc se concentrar. Ouvir a sua respiração. E deixar o seu corpo voar. Assim ó…
Wood tenta, mas pula e cai. Pula e cai.
Lilith (voando) – vai treinando que vc consegue ! Agora eu vooouuu ..
Sai voando.
[plano geral]
(anda ate’ o centro)
Wood –
— Às vezes eu olho pra mim e penso que nunca que vou embora. (olha para baixo)
— “Magina! Uma desfaçatez dessa, me disse aquela senhora?!”
— Mas tem dia que eu olho longe, sonhando lá fora. (aponta para o lado)
— Quando em vez me vejo indo. (anda livre por várias paisagens) *
— Quando em vez me vejo voltando (volta ao fundo branco, grades de limitação VR) *
— Quando em vez me vejo morrendo sem nunca saber a diferença entre o indo e o voltando. (brincar com os limites de programação e VR) *
— Me vejo saltando que nem gente, sabe? Pra lá e pra cá? (salta, imagina)
— Me vejo caindo firme e em pé do outro lado, como se nunca tivesse voado. (cai, levanta)
— Às vezes é tanto. (olhando para o público)
— Às vezes é pouco.
— Às vezes dói, o pranto.
— Já pensou a dor que deve ser arrancar essas raízes todas que têm aqui?
(imagina as grades do VR se quebrando e ele livre) *
— Quando em vez eu penso na dor.
— E nas feridas de desgarrar o que não nasceu pra ser tirado.
— Será que eu ia sentir falta desse cenário?
— É que… já me acostumei com o cheiro do virtual programado.
— Mas sabe o que mais penso? Será que esse cenário vai sentir falta da minha robustez e da sagacidade com que eu me encaixo?
— A gente sabe que não. Se tem uma coisa que não sente falta é cenário, nem palco.
— Tudo cabe, tudo preenche; bicho, flor, semente…
— Com isso, nem se apoquente!
— É que me dá uma leveza me imaginar voando…
— Mesmo eu, que sou boneco.
Ao fim:
Wood — Consegui!! Consegui!! Lilith onde está você? Vamos ganhar o mundo! Lilith? Cadê você?
FIM