Introdução

Em 1968 fui apresentado ao já renomado Artista Plástico Waldemar Cordeiro por Mario Schenberg, conhecido Cientista, Político e Crítico de Arte .

Razão da apresentação - Cordeiro desejava investigar as possibilidades do uso do Computador nas Artes; eu tinha uma boa experiência em computação e interesses multidisciplinares.

Desta apresentação nasceu uma frutífera colaboração que resultou na produção de dois trabalhos pioneiros, que tiveram ampla repercussão nacional e internacional, e são hoje considerados os primeiros trabalhos de arte por computador realizados no Brasil e, de uma certa forma, precursores do que hoje constitui o amplo campo da Computacão Gráfica e processamento de imagens.

O passado de Cordeiro, um dos expoentes do Movimento Concretista e uma pessoa de grande cultura e liderança, parecia ideal para inovar na exploração desta nova tecnologia no campo das Artes.

Dos nossos primeiros contactos ficou logo claro que o interesse de Cordeiro era extremamente sério e o intuito não era iniciar imediatamente o uso da nova técnica como um modismo, mas sim compreende-la em profundidade e explorar suas verdadeiras possibilidades. Esta abordagem correspondia bem aos meus interesses, sempre ávido em aprender e em aplicar meus conhecimentos em outras áreas.

Nossa colaboração durou cerca de dois anos, sendo interrompida devido a uma viagem que realizei para fazer pesquisas em Física na Inglaterra, de abril de 70 a março de 71. Após meu retorno retomamos contacto e estávamos reiniciando atividades conjuntas quando a prematura morte de Cordeiro, aos 48 anos de idade, em junho de 1973, encerrou trágicamente nossa parceria.

Neste trabalho pretendo relatar como foi esta colaboração que do meu ponto de vista foi muito rica e gratificante.

Abordarei os antecedentes dos atores (Cordeiro, Moscati, Computador), a fase de discussão e planejamento, a realização dos trabalhos e sua repercussão. Finalmente, à luz de resultados recentes, procurarei reanalizar "Derivadas de uma Imágem", sob o aspecto da percepção visual.


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