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Date: 04 Jun 1996
Media: Jornal do Brasil - Informática


Seleção rigorosa garante a fama da instituição



O Instituto de Matemática Pura e Aplicada oferece cursos de pós-graduação. Para estudar lá, não é necessário nem mesmo ter diploma de graduação, mas é preciso ser muito bom em matemática. ``É comum o aluno de graduação vir estudar aqui e terminar o mestrado antes de se formar na graduação'', conta Jonas de Miranda Gomes, pesquisador do Impa na área de computação gráfica, que levou essa disciplina para o Instituto de Matemática.
Falando assim pode parecer fácil conseguir ser aluno do Impa, mas não é. Para participar dos cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado do instituto, recebendo bolsas, há um cuidadoso processo de seleção. ``Somos seletivos e isso nos garantiu fama internacional'', conta Jonas. Hoje são 150 alunos, entre mestrandos e doutorandos e 30 pesquisadores dando aulas. Nos programas de verão, em janeiro e fevereiro, chegam a cerca de 700 alunos, 200 só para aprender computação gráfica.
O cuidado na seleção é rigoroso. Para conseguir uma bolsa no Impa, é preciso um histórico escolar invejável e uma carta de recomendação de um peso-pesado da área de informática. Se houver qualquer dúvida, o estudante, recebe a bolsa condicionalmente. ``Funciona muito melhor do que provas'', acredita Jonas. Cada currículo passa pela avaliação de pelo menos dois pesquisadores do Impa.
Para participar como aluno ouvinte, sem pagar, mas também sem receber o diploma, basta matricular-se. Alunos de graduação podem receber bolsas de iniciação científica. Nos períodos de férias escolares, o Impa tem cursos de verão, com três meses de duração, que atraem alunos de todo o Brasil.
No Impa, os cursos são todos de matemática. Há um curso de computação gráfica, vista pelo prisma da matemática aplicada. ``A informática é a matemática discreta'', define Jonas. O instituto oferece mestrados de matemática ou economia matemática. O doutorado pode ser feito em matemática pura ou aplicada (economia, análise numérica, computação gráfica). Os cursos de computação gráfica do Impa surgiram da experiência pessoal de Jonas Gomes, que fez doutorado em matemática pura e foi trabalhar com computação gráfica na Rede Globo. ``Vi como era preciso saber matemática para usar computação gráfica'', lembra.
``Nosso objetivo é formar um profissional extremamente qualificado, para pesquisa ou para o mercado'', diz. A maioria dos alunos que termina o mestrado no Impa segue o doutorado. Segundo Jonas, quem faz matemática pura ali sai capacitado a trabalhar em várias áreas da informática. ``A formação é de bom nível, habilita o profissional a desempenhar cargos que puxam pelo desenvolvimento e pesquisa. Muitos preferem seguir a carreira de pesquisa por serem tão qualificados que não se adaptam a trabalhar em empresas.''
Um dos projetos futuros do Impa é montar, junto ao Softex (projeto que incentiva a exportação do software brasileiro) um curso de treinamento em multimídia para empresas. O laboratório onde será dado o curso é impressionante. São estações PC, Mac, Silicon Graphics ligadas em rede e três ilhas de edição (duas digitais). A expectativa é que, ainda este ano, o curso esteja em funcionamento.
Outro projeto é disponibilizar, ainda este ano, o acervo de 30 mil títulos da biblioteca, considerada a melhor de Matemática ao sul do Equador, na Web. O Instituto é provedor de acesso para os alunos e pesquisadores e está adquirindo um servidor para ser usado só para Internet e um canal de 2 M com a Embratel. Conta com 10 linhas discadas para os alunos terem acesso de casa.





SILVIA GOMIDE

O Rio tem samba, futebol, chope gelado na beira da praia. Mas tem também mestrado, doutorado e ensino de graduação em informática de ótima qualidade. O Rio de Janeiro tem várias faculdades de informática, muitas da mais alta qualidade, mas três centros de ensino se destacam, até por seu reconhecimento internacional.
Um dos que mais impressiona fica encravado no início da Floresta da Tijuca. O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) é um pedacinho de primeiro mundo nas encostas do Rio. O chão dos corredores é brilhante, a limpeza das salas de aula é impecável. Os alunos têm computadores permanentemente ligados à Internet e podem estudar envoltos no silêncio da floresta.
``Quem vem aqui pensa que o Impa nada em dinheiro. Na verdade, temos muita vontade de manter a organização. Esse é um prédio público como qualquer hospital do INSS'', conta, passeando salas de aula impecáveis, o pesquisador Jonas de Miranda Gomes. A coisa por lá é tão séria que os porteiros estão aprendendo inglês para atender melhor aos visitantes estrangeiros.
A PUC, com seus deliciosos bosques, é outro centro de ensino da mais alta qualidade, acompanhada pela UFRJ. ``As empresas têm procurado nossos alunos cedo até demais, e eles acabam se ausentando das aulas. Deveriam esperar pelo último ano'', lamenta Adriano Cruz, chefe do departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Enquanto isso, na Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe/UFRJ), um superlaboratório deverá ser inaugurado em setembro, depois de um investimento R$ 10 milhões. Atenderá os 2 mil alunos que cursam lá mestrados e doutorados.


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